Finalmente o tão merecido feriado chegou! Você e sua família decidiram encarar um programa diferente desta vez. Irão conhecer o Parque Nacional de Brasília. A chegada em Brasília deu-se a noite e como o Parque fica a apenas 9 km da capital brasileira, decidiram pernoitar na cidade e sair no dia seguinte.
O destino final foi alcançado às 09 da manhã. Primeiramente vocês dirigiram-se ao centro de visitantes, onde receberam as informações e instruções necessárias sobre o parque e deslocamento dentro do mesmo.
Animados vocês iniciaram a caminhada. A época revelava o cerrado em sua mais completa formosura. A vida estava voltando à tona em forma de brotos, flores de diversas cores, inúmeros insetos e animais. Vocês perguntavam-se como era possível o surgimento de tanta vida em um ambiente tão seco e muitas vezes inóspito aos nossos olhos. A beleza do local era incomparável e vocês estavam contentes por terem acertado na escolha.
Aos poucos a empolgação foi diminuindo. A água levada para o passeio tinha sido mal calculada e havia chegado ao fim. Para completar, o dia estava extremamente quente, a sede aumentava a cada instante; e ainda faltava um bom trecho a ser percorrido. A garganta estava seca e os ânimos já não existiam mais. Mas qual não foi a alegria ao avistarem uma fonte de água potável? Foi a salvação do dia e a caminhada pôde ser concluída com a mesma boa disposição do início.
A água é o bem mais precioso para a humanidade. Sem ela, a vida na terra torna-se impossível. Ela é um direito do cidadão e deveria estar à disposição de todos. Atualmente 1,1 bilhão de pessoas está praticamente sem acesso à água doce, enfrentando uma sede insaciável.
De toda a água presente no planeta, menos de 0,02% encontra-se em rios e lagos estando apta para o consumo. O Brasil é um país privilegiado no que se refere à disponibilidade de água, mas isso não nos dá nenhum motivo para deixar de nos preocupar.
A quantidade de água existente na terra não se altera, mas o volume de água potável está sendo perdido graças a poluição e contaminação, provocada por nós mesmos.
Os aqüíferos são grandes reservatórios subterrâneos de água. O Aqüífero Guarani é, até então, o maior do mundo, estando localizado em rochas da Bacia Sedimentar do Paraná. Segundo estimativas, ele ocupa uma área de 1,2 milhões de km² possuindo 40.000 km³ de água, uma quantidade superior à encontrada em todos os rios e lagos do planeta. Todos os anos ele recebe em média, 160 km³ de água proveniente da superfície terrestre. Isso pode tornar-se um fato complicador se esta estiver contaminada.
O comprometimento da qualidade da água é um reflexo do descaso dos governos com o assunto. A manutenção e o cuidado com a água potável deveriam estar em ordem de prioridade, através da criação de políticas públicas eficientes, para a proteção deste recurso tão importante. Eles precisam investir no gerenciamento, armazenamento, tratamento, distribuição das águas e no processo de conscientização da sociedade como um todo.
Não são apenas os governantes que possuem as condições e a obrigatoriedade de reverter a situação atual. Nós também devemos cumprir o nosso papel e não podemos nos acomodar! Vivemos de fato, em um dos países que possui as maiores reservas de água potável do mundo, mas isso não nos dá o direito de esbanjá-la por aí.
Venho através deste texto, bater novamente na mesma tecla, tão conhecida por todos nós. Precisamos começar a fazer a nossa parte. Isto significa economizar no tempo do banho, fechar a torneira enquanto estamos escovando os dentes, evitar a lavagem de calçadas com água corrente, utilizando para tal, água em baldes ou mesmo aquela proveniente da chuva, usar produtos menos agressivos evitando a contaminação de rios, lagos e lençóis freáticos, etc. Ao respeitar os pontos citados acima, além de muitos outros, estaremos contribuindo para uma utilização racional e manutenção deste bem tão essencial para nós.
Alternativas como o reaproveitamento da água da chuva, que pode ser captada via cisternas, por exemplo, precisam ser apresentadas à população. A água que é precipitada na grande São Paulo durante os meses de janeiro a março, é superior ao volume consumido por essa gigantesca cidade em um ano. Imagine se toda esta quantidade pudesse ser captada e utilizada para descargas, irrigação de culturas e até mesmo banhos, quando tratada de forma adequada.
Muitos de nós apenas passamos a dar valor a alguma coisa, depois que a perdemos. Eu espero que com a água seja diferente. Precisamos nos colocar no lugar daqueles, que já estão tão longe dela, sofrendo com a sua falta. Ainda há tempo para revertermos a situação e iniciar uma conscientização, a partir dos nossos pequenos gestos no dia-a-dia.
Respondendo à questão colocada no título - somos capazes sim, de cuidar da água que nos foi dada! Ocupamos a posição de seres racionais neste mundo. Infelizmente a racionalidade não trouxe apenas aspectos positivos. Através da ambição e busca do tão sonhado "desenvolvimento", acabamos nos armando a própria cilada. Chegou a hora de iniciar a luta contra a autodestruição, conseqüência de nossos próprios atos.